Rodrigo Uchoa | De São Paulo / Valor Econômico
A revolta popular que está abalando o mundo árabe, e que já afeta países produtores de petróleo, por enquanto não ameaça a recuperação da economia mundial. Mas economistas alertam que há riscos, caso o movimento se alastre para a Arábia Saudita ou a alta do petróleo se prolongue demais. Apesar de mostrar confiança cautelosa, economistas, banqueiros e autoridades de instituições internacionais advertem que um temido contágio saudita mudaria a situação radicalmente.
Para Fatih Birol, economista-chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), os preços estão "perigosamente altos". Ele diz não haver um "limite" que, ultrapassado, poria de imediato em risco a retomada da economia mundial. "Não há dúvida de que [a alta do petróleo] reduzirá a quantidade de dinheiro para o consumo e o investimento, mas o ponto de inflexão só se dará mesmo se a confiança na economia entrar em colapso."
Birol diz que o barril de petróleo acima de US$ 100 pode ser um risco para a recuperação mundial no médio prazo. "Por enquanto, a confiança mundial ainda é forte."
Michael Lewis, chefe de pesquisa de commodities do Deutsche Bank, em Londres, também acha que "as economias são vulneráveis ao preço do petróleo, mas, até agora, parece que a confiança do consumidor e dos empresários está relativamente forte", afirmou em relatório do banco.
Essa visão é compartilhada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). "É improvável que [a crise no Oriente Médio e no norte da África] gere uma mudança substancial no panorama econômico mundial", disse ontem o vice-diretor-geral do Fundo, John Lipsky.
O FMI prevê uma expansão da economia mundial da ordem de 4,4% neste ano - previsão que leva em conta o barril a US$ 95.